Xangai – Mestre de Cerimônias e apresentador do Trilha de Reis


Apresentado ao projeto pelo produtor musical Anderson Cunha, Xangai, um dos grandes artistas brasileiros que canta o sertão e o nordeste, aceitou o convite para ser o mestre de cerimônias e apresentador do projeto Trilha de Reis. O artista se identificou com o Trilha de Reis por este se tratar de um projeto que apresenta costumes e tradições do povo sertanejo, temática que lhe é conhecida e com a qual possui grande familiaridade.

O IRDEB reafirma o apoio ao projeto Trilha de Reis


A Olhode Peixe Filmes acaba de reafirmar a parceria entre o IRDEB e a série audiovisual Trilha de Reis . No acordo está prevista a veiculação dos 4 episódios da série na TVE além de Plano de Mídia para divulgação dos produtos na TVE e Rádio Educadora.

Apoio Institucional do IPAC


A Olho de Peixe Filmes certifica o projeto Trilha de Reis junto ao IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Através de ofício emitido pelo órgão, o IPAC reconhece o projeto Trilha de Reis como uma iniciativa de grande relevância para a salvaguarda do bens tangíveis e intangíveis e fortalecimento das identidades no Estado da Bahia.

Estabelecendo Novas Parcerias

Após etapa de pesquisa realizada através da viagem a Caetité no início deste ano (publicamos nosso diário de viagem e algumas descobertas que fizemos por lá aqui nesse blog), o Trilha de Reis segue em nova etapa realizando importantes parcerias para a sua realização. Em breve teremos mais novidades sobre o projeto.

1° Dia: O clã de Aurindo – Terno de Reis do Junquinho

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A nossa busca aos Reis se iniciou com a ajuda de Zé Benevides, grande incentivador da cultura do Reisado na região de Caetité. No primeiro dia, já

havia sido anunciada a nossa chegada à comunidade do Junco, na região de Maniaçú. E lá fomos nós... Na chegada do Junquinho, já fomos recepcionados por D. Helena, mãe de Aurindo, chefe do terno que estávamos à procura. Na conversa com ela, vários elementos já vieram à tona e se confirmaram sobre as andanças dos reizeiros. Era dia 3 de janeiro e Aurindo já estava há 3 dias com o seu Terno cantando o Reis pela região de Maniaçú. Mais uma vez fomos nós, pela estrada de barro afora, com o cenário já pronto nos envolvendo através das janelas do carro – o azul profundo do céu com algumas nuvens bem brancas e densas, que não acenavam com qualquer possibilidade de virar água, pelo menos naquele dia... e as casinhas de taipa, no chão de terra batido, plantações de palma, alimento fiel da mesa do sertanejo. Chegamos no pequeno povoado de Maniaçú e com sorte avistamos de longe a bandeira vermelha do terno de Reis do Junquinho. Aurindo na frente, puxando a marcha, e o resto do grupo acompanhando. Vinham cantando de porta em porta, quando nós os abordamos para tirar um dedo de prosa. Na conversa rápida que tivemos embaixo de uma árvore (o sol estava bem quente e eles já vinham cantando desde de manhã cedo), descobrimos que estávamos diante de um terno familiar. Tradição passada de pai pra filho. Na mesma formação, estava o avó, o pai e o neto (mais tarde descobriríamos que essa

formação se repetiria várias vezes em outro ternos que conhecemos). Acompanhamos a sua andança, casa em casa, admirados com o respeito dos donos das casas que abriam as suas portas para ouvir o bumbo e a gaita do Reis de Aurindo. Ali os elementos já começavam a virar registros importantes na câmera de vídeo. Anderson e Hilário também já começavam a capturar os primeiros acordes da música de Reis. A cênica, a maneira de tocar os instrumentos, o ritual, tudo isso ia ficando mais atraente a cada casa que o Reis entrava. Na chegada da casa de um parente, o Reis do Junquinho recebeu a visita de um dos sobrinhos do chefe Aurindo, Maxwel, que vinha do corte-da-cana (alternativa de trabalho para muitos jovens da região), deixando muito claro, através da maneira como tocava, que estava com saudades das batidas do bumbo que já havia sido tocado pelo tataravô.

A essa altura já havíamos nos misturado ao clã de Aurindo e de lá seguimos junto com eles de volta para o Junquinho. Precisávamos reunir todos os integrantes na porta da casa do chefe do Terno para fazer uma foto de família. Lá a conversa foi mais longa, e a tradição daquele Reisado nos foi contada desde o seu surgimento. D. Helena nos surprendeu com um jantar digno de Reis e terminamos a noite com o carinho da matriarca, se deliciando com o seu magnífico pirão de galinha. A despedida foi emblemática, no abraço de Dona Helena e no olhar de Seu Joaquim a certeza de que voltaremos ali...

De volta à cidade, cama e descanso para continuar a nossa trilha que nos levaria ao Riacho da Vaca... terra do nosso já conhecido Seu José Sabino.




Na trilha dos Reis

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Envolvidos pela prosa de Seu Zé Sabino e Seu Alziro, lá estávamos nós a caminho de uma viagem de mais de 750 quilômetros. Na trilha dos Reis. O que leva esses senhores de mais de oitenta anos de idade a manter viva na pele e na memória a cantoria de Reis? É esse segredo que fomos seduzidos a desvendar. Após o percurso de 12 horas de viagem, nós não éramos mais somente quatro profissionais da área audiovisual que estavam desembarcando na cidade de Caetité para registrar alguns momentos de Reisado daquela região. Já éramos quatro pares de olhos e ouvidos abertos para descobrir o mistério daquele encantamento presente no olhar daqueles dois distintos senhores e de outros chefes de terno que ainda iríamos conhecer. Fé, música, tradição, música, família, música... 6 dias cantando Reis? “Sim são 6 dias! Nem cinco, nem 7”, frisa com convicção Seu Alziro. Seis dias de cantoria e música embalados com elementos ritualísticos de fé e de festa e regados a muito som de “gaita” (como eles chamam as flautas feitas de “pau” ou “cano”) e bumbo. Assim iríamos passar os nossos dias e noites, mergulhados no fascínio dos versos e batidas que há mais de 100 anos ecoam nas profundezas rurais da cidade de Caetité. Em breve relatos e fotos das nossas andanças à procura dos Reis em Caetité.



Por: Sabrina

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